Toda a gente deseja
que uma aldeia tenha vida, pessoas com trabalho, bem sucedidas e com
muita esperança no futuro. Está nas mãos de cada um de nós contribuir para um
desenvolvimento sustentável da nossa
terra. O sucesso da nossa aldeia é o de todos. O mérito também é de cada
malcatenho, da nossa paróquia, das nossas associações e também daqueles
cidadãos que têm exercido funções na Junta de Freguesia.
Na aldeia de Malcata não conheço nenhuma
pessoa que faça milagres e o mesmo digo em relação a todas as instituições.
Contudo, era bom que não nos esqueçamos ou apaguemos da nossa memória aquilo
que era a aldeia de Malcata há 40, 50 anos atrás. E essa é mesmo a pergunta
importante que devemos fazer:
Sabemos o que queremos?
Queremos uma aldeia que faz jus à sua
tradição autêntica de uma aldeia ligada à serra e à floresta, aos rebanhos e ao cabrito, ao queijo e ao mel ?
Queremos uma aldeia que aproveita e
valoriza uma albufeira e um parque
eólico que proporcionam uma atração invulgar a quem nos visita?
As infraestruturas existem, mas há
muito trabalho por fazer para que a albufeira, a floresta e o parque eólico
sejam efectivamente bem aproveitadas e sejam fontes de rendimento. Para além do paredão, que permitirá a
manutenção do nível da água junto ao Parque de Lazer junto à aldeia, a
construção de alguns ancoradouros para pequenas embarcações, a construção de um
parque de campismo, a melhoria da ASA de Malcata (Área Serviço Autocaravanas
junto ao campo de futebol ), são elementos de valorização e de aproveitamento
da albufeira, uma beleza natural que ninguém fica indiferente, fazendo de
Malcata uma aldeia também voltada para o turismo de natureza, com
tranquilidade, com sítios onde dormir e comer um delicioso cabrito assado, um
naco de saboroso pão cosido no forno comunitário e uma não menos deliciosa
fatia de queijo entregue pela queijaria da rua do Meio.
Ou então queremos uma aldeia cada vez mais
velha, com os seus idosos acomodados confortavelmente num lar e a guardar para
si próprios todo o seu saber da vida de Malcata, deixando que todas as suas memórias , ricas em experiências, de conhecimento da vida da aldeia e que desapareça assim como
estamos a deixar cair as casas mais antigas, aumentando o número de casas
vazias e o silêncio nas ruas porque não há crianças a correr acima e abaixo,
nem precisamos de baloiços no parque infantil, uma terra vencida, sem ambição e
sem futuro?
Eu não tenho dúvidas sobre a aldeia
que sonho e desejo. E este desejo não começou com aminha participação numa
associação, mas aumentou e muito essas minhas esperanças, porque também acreditam
que é possível dar a volta à nossa terra. E mesmo longe, ao longo destes anos,
tem sido pelos malcatenhos que continuo a falar e a escrever sobre o passado, o
presente e o futuro de Malcata.
É urgente e importante trabalhar em
conjunto, em rede, como dizemos agora. O longe torna-se mais cerca, porque hoje
temos ferramentas que nos permitem uma maior aproximação, uma maior colaboração,uma mais rápida sintonia e eficácia.
Para mim e para muitos malcatenhos, quando
a liberdade de pensamento e acção ligada a um associativismo activo, sério,
visionário em união com o poder local e os cidadãos, será aquele tão desejado
milagre de Abril.
Este verdadeiro milagre só será
realidade quando cada um de nós entendermos e agirmos de forma diferente do
passado. O dia de amanhã será bem diferente quando hoje fizer algo diferente
daquilo que ontem fiz. Porque se hoje faço o mesmo que ontem fiz, o dia de
amanhã será igual ao dia de hoje. Temos que mudar o paradigma e pensar,
acreditar, trabalhar para o futuro diferente.
Vamos acreditar?
Eu acredito.