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10.3.24

O FUTURO DA ÁGUA EM MALCATA

Há que fazer alguma coisa para a água vir à tona
                         

   A forma de utilizarmos a água na nossa aldeia vai ter que mudar e deve ser uma das prioridades da autarquia melhorar o abastecimento de água para consumo humano à nossa freguesia, bem como a sua utilização na agricultura e nos espaços verdes da freguesia.
   Na nossa aldeia estamos acostumados à abundância deste recurso natural, mesmo durante os meses de mais calor não tem havido constrangimentos para ninguém.
   Mas os tempos são outros e o clima está a mudar. No que diz respeito à água para consumo humano, é do conhecimento de todos que os bombeiros voluntários têm transportado a água num camião-cisterna para encher o reservatório de água para a rede de abastecimento público
da nossa terra. Houve já necessidade de efectuar esse reforço duas vezes por semana. As causas da escassez da água estão relacionadas com as altas temperaturas e a falta de chuva que estão a secar as nascentes naturais.
   Na nossa freguesia há falta de planos para reaproveitar a água, para armazenar os milhões de litros que saem nas duas bicas da fonte, deixando fugir a água ruas abaixo. Podem dizer que não tem havido desperdício, que a água vai acabar por chegar à albufeira. Eu pergunto aos malcatenhos porque deixamos a água correr para a barragem em vez de a armazenarmos em reservatórios para futura utilização pela freguesia, pelos que necessitam dela para as regas?
   Já bastou a obra da barragem do Sabugal que sem dó nem piedade nos deixaram sem rio Côa!
   Não há nada que nos pague esse bem e esse recurso, como era o rio e as terras que o acompanhavam. Lembrem-se que na nossa região só existe água doce e investimentos para aproveitar a água do mar está fora de questão. Ora isso dá-nos argumentos para olharmos para a água que até é natural, de nascentes e também merecemos ajudas financeiras para manter
este recurso tão importante.
   Estes dias li que o concelho do Sabugal fazia parte dos municípios que mais desperdiçava água nas redes de abastecimento público. Os números estão escritos num relatório da entidade que regula a água em Portugal. Chama-se ERSAR e neste documento relatório da ERSAR ficamos a saber que o concelho do Sabugal desperdiçava, em 2022, 70,2% da água. Trata-se de água que existe e que não chega ao consumidor e por diversas razões: rupturas, avarias e desvios. Ora se há dois anos mais de metade da água era desaproveitada, logo não rendia um cêntimo, diz-nos que há muito trabalho a realizar.
   Então como será o futuro da água em Malcata?
   Será que a APAL-SIM (Águas Públicas em Altitude – Serviços Intermunicipalizados) vai resolver os problemas no concelho do Sabugal?
   Deixar de fazer alguma coisa não é opção! Pagar e continuar a pagar a água que se utiliza na rega? É uma possibilidade e sabemos que quem rega com a água dos tanques da Fonte da Torrinha, paga-se uma taxa por cada vez que se esvazia o tanque grande. E está certo que assim seja, pois eu não acredito que haja alguém que se recuse a pagar. Com certeza que na nossa freguesia não vamos brincar aos transvases para outras terras. Por curiosidade, li que os agricultores da Cova da Beira, que regam com a água da barragem do Sabugal, vão este ano pagar mais caro a água para rega! E em Fevereiro houve escaramuças e tubos cortados por desentendimentos por causa da água.
    Deixo aqui um alerta: olhem para as vossas próximas facturas da água e vejam o volume de água consumido e leiam também a segunda página. Digam o que viram e o que pensam.
   Obrigado


    

De 1937-2024 sem parar de deitar água





Ler a factura da água segundo a Deco
      

   

Trabalhos na nascente em Malcata 


                                        
                   Foto CMGuarda -Assinatura da constituição da Apal-Sim

    Saiba mais sobre a nova entidade das águas e saneamento:

   https://capeiaarraiana.pt/2024/02/19/sabugal-integra-sistema-intermunicipal-de-gestao-da-agua/


13.2.24

REABILITAÇÃO DE COLECTOR DE SANEAMENTO EM MALCATA

 

                        MALCATA: ESTÁ DIFÍCIL GOSTAR DISTO!

      

      Pensava eu que a Câmara Municipal do Sabugal já se preocupava mais com a sua população e a sua qualidade de vida. Mudou o executivo, mudou o deliberativo e não mudaram os empreiteiros que nos vão fazendo sofrer cada vez que executam obras públicas nas freguesias do concelho do Sabugal. Eu até desculpava e compreendia que assim se continuasse a fazer as coisas como até aqui. O problema é os acidentes inesperados, que podem surpreender toda a gente, até os senhores empresários que dão trabalho a muitas pessoas e assim, não precisam de abalar para fora do concelho do Sabugal a fim de ganhar a vida.
   Será que a Câmara Municipal não tem nos seus quadros de pessoal as pessoas que fiscalizam as obras, mesmo que sejam empreitadas pagas pela Câmara? Há ou não regras obrigatórias que devem ser implementadas pelas empresas que executam as ditas obras públicas? Para que escrevem os Cadernos de Encargos, os Planos de Segurança, Saúde e Higiene e até a obrigação de afixar, em local visível, o Aviso referente à obra em causa com a informação do dono da obra, valor que vai custar, prazo de execução, empresa responsável dos trabalhos, etc.?
   É para mim uma autêntica falta de respeito aquilo que se está a passar na nossa freguesia. E as imagens que se seguem, levam-me a perguntar por que razão a Câmara Municipal não se preocupa com o bem-estar da nossa população e nem sequer pensa nas pessoas que nos visitam. Então ocorreu um inesperado colapso de um colector de saneamento na Rua Vale da Fonte e não se tomaram as medidas necessárias para avisar as pessoas que era perigoso passar ou circular por essa rua? As obras de restauro do colector estão a decorrer durante o horário normal de trabalho. O colector está situado quase no eixo da via, com terra, lama e água a envolver a área, andando as máquinas e trabalhadores atarefados em realizar bem os trabalhos. Tudo isto parece normal e sabemos todos que uma obra traz sempre transtornos a quem por elas tem de passar. O que já não é normal é a ausência de sinalização das obras e dos constrangimentos que provocam. Pior e mais grave é quando a rua tem dois sentidos e em nenhum deles existem avisos ou sinais de obras. Na nossa aldeia ouvi estes dias alguns desabafos e houve até quem fosse falar com os senhores da Câmara e lhes chamasse à atenção para o que estava a ocorrer na tal rua do colector de saneamento.
   Há quatro anos também ocorreu ali uma inesperada obra, por sinal, por causa do tal colector e dos tubos que não tiveram capacidade para aguentar tanta água, lixo e areia. Vi abrir uma vala e andaram a mexer nos canos e a fazer obras à volta do colector, com reposição de materiais ao seu redor e colocação da calçada. Desconheço o valor pago por esses trabalhos de há quatro anos, mas sei que vão ser pagos 16.000 euros pelas que agora estão a executar.

Alerta enviado em 2020


   Infelizmente pelo que me vou apercebendo, a falta de informação e avisos grassa por quase todas as obras e ninguém se preocupa nem protesta com os responsáveis.
   É obrigação do cidadão lutar contra este estado de coisas, pois um dia poderemos acordar dentro de um grande buraco porque não sabíamos que a fita vermelha e branca ou uns ferros foram lá postos para avisar.
    Seguem as imagens da obra:  

        



Imagem da documentação da CMS






Qual foi a principal causa do colapso inesperado do colector de saneamento na nossa freguesia?








   


2.2.24

MALCATA, QUE TE ESTÁ A ACONTECER?

 




                            M 1937 - Fonte das duas bicas ( Torrinha) na aldeia de Malcata há 87 anos


                                                                                  ++++++++++


      Na praça principal da freguesia existe a melhor fonte de água da aldeia. É paragem obrigatória para quem visita a terra e para os que nela vivem. Durante muitos anos foi considerada a fonte dos namoros, dos encontros ao fim do dia para encher os cântaros e as bilhas de barro. O seu aspecto foi sofrendo pequenos remendos e poucos benefícios teve desde 1937 aos nossos dias de hoje. Todos os melhoramentos que ali foram feitos não trouxeram mais fama à fonte. Sim foi importante terem substituído os antigos canos por outros novos. E sim, têm sido importantes as pequenas obras na manutenção da fonte e dos tanques, assim lá se vai mantendo a coisa a funcionar. Sejamos francos e sinceros quando falarmos da fonte da Torrinha, nome que mais é conhecida dos malcatenhos. É que quando olho para esta fonte fico um pouco nostálgico e triste. O seu aspecto actual contrasta bem com o que via há uns anos, quando ali toda a gente ia encher os cântaros de água para consumir em casa. A água nessa altura saía bem mais viva, as duas bicas tinham a sua graça mesmo com toda a simplicidade dos canos. Toda a gente bebia daquela água com toda a confiança e certeza que ficava saciada e bem alimentada, sem receio algum de “passar pelas passas do Algarve” ou soltar o desabafo “que mal fiz eu a Deus, se só bebi água da fonte”! Apesar desses indesejados sintomas de mal-estar e desarranjo intestinal se vem verificando nos meses de mais calor, muitas são as pessoas que continuam a consumir da água desta fonte. E muita gente continua a dizer que aquela água mata a sede a quantos dela beberem, seja Inverno ou Verão, mas eu já não acredito nessa verdade porque o mal-estar é muito difícil de aguentar.

   Tenho pena que nestes últimos anos se repitam perturbações  e outros sintomas graves por que sentem as pessoas logo após dois ou três dias de permanência na aldeia, sendo os meses de Verão as épocas de maior número dos casos deste tipo de ocorrências. E embora não haja provas concretas da origem do mal-estar das pessoas, muitos apontam sem duvidar, que se sentiram pessimamente depois de ingerir a água da fonte das duas bicas na Praça da Torrinha.
   Todos ou quase todos nos lembramos da ocupação do solo no lugar das Eiras, onde até há poucas décadas, eram solos exclusivamente agrícolas, sem qualquer casa de habitação. E também não me lembro da existência de avisos a informar que a água se encontrava imprópria para consumo humano!
   Hoje a nascente que fornece a água à fonte das bicas está envolta de muitas habitações e a ocupação do solo está alterada. A povoação cresceu à volta da mina das Eiras e nunca ninguém se preocupou com o futuro e da qualidade das águas subterrâneas, mesmo sabendo toda a gente e as autarquias da necessidade de se cuidar da água.
   Já lá vão 87 anos e a fonte lá continua, graças à influência e determinação das pessoas como o senhor António Nita, pessoa importante e que depois de viver fora da terra a ela regressou e presidiu à Junta de Freguesia, com coragem e persistência conseguiu obter os  gratuita, sem taxas escondidas. Infelizmente ele e outros como ele já partiram e eu interrogo-me: Malcata, que te está a acontecer?
   Sei que esta gente de antigamente eram notáveis e influentes. O que não entendo é porque os que estão no presente não conseguem suster e manter o legado que nos deixaram e, aos poucos a freguesia vai sendo privada de tudo o que resta de útil às pessoas que nela vivem.
   Enfim, oxalá que o futuro comece a ser menos ingrato para os mais novos e despertem a tempo de lembrar aos autarcas as promessas feitas quando precisaram de ser eleitos.

    Seguem-se umas imagens da Fonte das Bicas/Torrinha ao longo do tempo:

    

  


Sempre se fez assim e nunca se perguntam da razão deste procedimento, 
nem há vontade de experimentar outras soluções para obter resultados diferentes!



Um legado com 87 anos que merecia ser mais cuidado.





2.11.23

BEBER ÁGUA DA BARRAGEM SEM MEDO

 

Albufeira da barragem do Sabugal

   Na freguesia de Malcata houve uma época em que se vivia numa luta por causa da água destinada às regas. A população para ter água potável em suas casas, tinha de ir encher os cântaros de barro às fontes da aldeia. Uma dessas fontes era abastecida da água que nascia na mina, que foi aberta no sítio das Eiras e custou grandes sacrifícios à população, principalmente aos homens que lá tiveram de trabalhar.

   Uns bons anos depois, o Município do Sabugal construiu a Rede de Abastecimento Público de Água ao domicílio e o saneamento básico. Com a entrada em funcionamento dessa rede de abastecimento, todos os habitantes passaram a ter água própria para consumo humano nas suas casas. Para que isso fosse possível a Junta de Freguesia em exercício nessa altura chegou a um acordo com a Câmara Municipal para que a aldeia passasse a ser abastecida com água proveniente do furo a construir no sítio do Vazão e bombeada para o depósito existente na Rasa. A Junta de Freguesia apresentou as suas razões e o povo aprovou, ou pelo menos consentiu que a nossa água não viria da albufeira da barragem, pois na aldeia havia boas e fartas nascentes, com água em abundância e muito melhor que a da barragem.
   Durante muitos anos Malcata foi uma terra onde não faltava a água. O aumento da população na aldeia, o aumento das épocas de calor, a água passou a faltar nas torneiras lá de casa. Os bombeiros eram chamados para abastecer de água o depósito da aldeia, chegando a fazê-lo duas vezes por semana.  A rede de abastecimento de água de Malcata nem sempre funcionava de igual forma para todas as zonas da freguesia. Algumas pessoas, que vivem em lugares mais altos, passaram anos sem uma gota de água nas torneiras e não tinham ligação ao saneamento básico. A Câmara Municipal justificou esta situação irregular porque os proprietários tinham assinado um documento. Para que o sistema funcionasse na perfeição também foi necessário construir uma ETAR ( Estação de Tratamento para as Águas Residuais) tendo sido escolhido o lugar do Vazão.
   Desde que a Rede de Abastecimento de Água Pública foi aberta,  já passaram passaram alguns anos. Desde que isso aconteceu, já se registaram algumas faltas de água e uma das maiores operações de melhorias no abastecimento foi realizada em 2021, com a entrada em funcionamento de dois grupos de bombas que estão a garantir uma pressão mais precisa e que veio melhorar a circulação da água e finalmente todos têm água em casa.
   Há dois dias, com data de 31 de Outubro, li um aviso do Município, dirigido aos cidadãos residentes em Malcata, alertando-os para redobrar os cuidados na utilização da água fornecida pela Câmara Municipal. E nos meus ouvidos soaram alguns alarmes e que pensei úteis num futuro próximo. É mais que sabido que a nossa aldeia tem direito a um serviço de abastecimento público de água própria e segura para consumo humano.
   A pergunta que tenho para fazer é esta;
   Porque Malcata ainda é abastecida com recurso a um furo e a um depósito em vez de ser fornecida água de qualidade com origem na albufeira da Barragem do Sabugal?
   A freguesia esteve tantos anos à espera da rede de abastecimento e quando chegou em 2008, eu acreditei que seria um benefício para todos poder ter tanta água, que depois de tantos incómodos e sacrifícios passados, que a aldeia teve de passar, o mínimo era passar a receber água com qualidade,  tratada devidamente,  respeitando todos os parâmetros que a lei exige e poder beber com confiança, era mesmo a cereja no topo do bolo da festa. Infelizmente esse meu pensamento estava enganado e a notícia que divulguei aqui  
 https://aldeiademalcata.blogspot.com/2007/12/qual-melhor-gua.html
vinha a confirmar isso mesmo.

   Hoje ainda estou à espera de colocar a deliciosa cereja no bolo e celebrar com os malcatenhos a ligação da Rede de Abastecimento Público de Água de Malcata à Rede Pública de Abastecimento de Água ao concelho do Sabugal e a outros concelhos vizinhos. Seria a melhor cura para todos. Quem se atreve a responder à pergunta que fiz?
                                                                             
                                                      José Nunes Martins
  

  

 










 



31.8.22

SE É BOM É PARA SE VER E CONHECER

    

   
Promessas levadas pelos ventos. Pergunto mas ninguém me diz...

 

   O mês que muitos de nós gostamos está a acabar. Termina a época dedicada às festas populares e as aldeias vão voltar ao seu ritmo normal de vida.
   A festa do mês de Agosto, no segundo domingo, é a festa grande, é a festa que a maioria dos malcatenhos gostam de marcar presença. Lembro-me da alvorada logo de manhã cedo e que me fazia saltar da cama. Chegada a banda da música, as crianças corriam até ao cimo da estrada e acompanhavam os músicos pelas ruas da aldeia e de vez enquando, desapareciam a correr tapadas abaixo e acima à procura das canas dos foguetes. Voltavam a juntar-se ao desfile da banda exibindo com cara de vencedores a molhada de canas. Terminada a volta às casas dos mordomos e à aldeia, a banda mantinha-se em descanso até à hora da procissão com os santos nos andores e seguido de missa cantada por alguns elementos da “música” e acompanhadas as vozes com alguns instrumentos musicais tocados pelos músicos.
   Pois a festa já foi e consequentemente acabou também a enchente de gente nos locais mais emblemáticos da nossa terra. Este ano, ainda por causa da pandemia que nos atacou a todos, houve festa, um pouco mais contida e menos dias de folia, graças aos mordomos e aos muitos voluntários malcatenhos, tudo correu bem. Foi importante o apoio oferecido pela Junta de Freguesia durante a preparação do recinto da festa e dos eventos realizados na Praça do Rossio, que vieram engrandecer e dignificar os festejos: apresentação do livro “A Borboleta Que Não Tinha Nome”, da autoria de uma nossa conterrânea, enfermeira Manuela Vidal, tendo aceitado o convite feito pela Junta de Freguesia para este evento; também a realização da Feira de produtos artesanais animou durante duas noites o arraial.
  Lamentavelmente alguns dos locais de interesse na freguesia, partes importantes do património público, mantiveram-se encerrados ao público todo o Verão. Existem só que não são utilizados nem os damos a conhecer a quem nos visita e gostava de usufruir. Por exemplo, a Torre do Relógio, o Forno Comunitário, o Moinho, a albufeira da barragem é mais do que a Zona de Lazer e uma estrutura que flutuava na água, que deixou de atrair os banhistas que se habituaram a vê-la em pleno serviço de apoio aquele magnífico recanto de lazer. Para desgraça dos malcatenhos, as belezas naturais são desaproveitadas e por falta de ambição da nossa comunidade e falta de visão, a longo prazo, dos responsáveis do poder local, estamos como estamos porque assim aceitam que deve Malcata estar. Um céu muito negro e carregado de incertezas costuma ser revelador de maus dias...afastamento e reorientação de rumo apoiado na experiência e no conhecimento, se Malcata quer chegar a um porto seguro.
   A festa do mês de Agosto, no segundo domingo, é a festa grande, é a festa que a maioria dos malcatenhos gostam de marcar presença. Lembro-me da alvorada logo de manhã cedo e que me fazia saltar da cama. Chegada a banda da música, as crianças corriam até ao cimo da estrada e acompanhavam os músicos pelas ruas da aldeia e de vez enquando, desapareciam a correr tapadas abaixo e acima à procura das canas dos foguetes. Voltavam a juntar-se ao desfile da banda exibindo com cara de vencedores a molhada de canas. Terminada a volta às casas dos mordomos e à aldeia, a banda mantinha-se em descanso até à hora da procissão com os santos nos andores e seguido de missa cantada por alguns elementos da “música” e acompanhadas as vozes com alguns instrumentos musicais tocados pelos músicos.
   Pois a festa já foi e consequentemente acabou também a enchente de gente nos locais mais emblemáticos da nossa terra. Este ano, ainda por causa da pandemia que nos atacou a todos, houve festa, um pouco mais contida e menos dias de folia, graças aos mordomos e aos muitos voluntários malcatenhos, tudo correu bem. Foi importante o apoio oferecido pela Junta de Freguesia durante a preparação do recinto da festa e dos eventos realizados na Praça do Rossio, que vieram engrandecer e dignificar os festejos: apresentação do livro “A Borboleta Que Não Tinha Nome”, da autoria de uma nossa conterrânea, enfermeira Manuela Vidal, tendo aceitado o convite feito pela Junta de Freguesia para este evento; também a realização da Feira de produtos artesanais animou durante duas noites o arraial.
  Lamentavelmente alguns dos locais de interesse na freguesia, partes importantes do património público, mantiveram-se encerrados ao público todo o Verão. Existem só que não são utilizados nem os damos a conhecer a quem nos visita e gostava de usufruir. Por exemplo, a Torre do Relógio, o Forno Comunitário, o Moinho, a albufeira da barragem é mais do que a Zona de Lazer e uma estrutura que flutuava na água, que deixou de atrair os banhistas que se habituaram a vê-la em pleno serviço de apoio aquele magnífico recanto de lazer. Para desgraça dos malcatenhos, as belezas naturais são desaproveitadas e por falta de ambição da nossa comunidade e falta de visão, a longo prazo, dos responsáveis do poder local, estamos como estamos porque assim aceitam que deve Malcata estar. Um céu muito negro e carregado de incertezas costuma ser revelador de maus dias...afastamento e reorientação de rumo apoiado na experiência e no conhecimento, se Malcata quer chegar a um porto seguro.

                                                                 José Nunes Martins

17.5.22

MALCATA : A MINA

         Pá, picareta e muita força de braços foram necessários 
        para levar a água até à Torrinha!

Fonte da Torrinha 


   

 
 Em 1935, as pessoas que viviam em Malcata, iam até à Fonte de Mergulho e aí enchiam as vasilhas de água para o sustento da família e do gado. Entre 1935 e 1937, a água escasseava e a população ia aumentando. Com a escassez de água potável, a população mobilizou-se e em conjunto com a Junta de Freguesia de Malcata, presidida na altura pelo senhor António Nita, arregaçaram as mangas e construíram manualmente uma mina e o respectivo canal para o transporte da água até ao povo. Viviam-se tempos difíceis, a aldeia ainda não tinha rede de electricidade, não havia rede de esgotos, criavam-se muitos animais. A água era indispensável para a vida de todos e as culturas necessitavam dela para se desenvolver. Portanto, a água dentro da povoação existia, mas não estava devidamente aproveitada. Havia poucos poços e a água servia mais para regar a horta ou as culturas como as batatas, o milho, os feijoeiros, precisando de burras (picotas), noras e mais tarde, motores a petróleo. Daí a importância de a água na povoação ser tão necessário a construção de fontes.
   

                                                                  Amigo da Verdade - Malcata
                                         António Nabais da Cruz ( Ti António Nita ) e a história da fonte

      A construção de chafarizes e fontes foi uma das apostas do Estado Novo nos anos 40. O abastecimento de água fazia parte das obras importantes e era normal e vulgar a presença de gente do governo na inauguração de uma fonte numa das aldeias do nosso concelho. Nessa altura, o Sabugal foi daqueles que maior número de inaugurações fez no que respeita a chafarizes e fontanários. Entre 1930 e 1940 muitas foram as aldeias que ficaram com abastecimento público de água assegurado por fontes e chafarizes. A Câmara do Sabugal, sempre que podia, aproveitava a vinda das equipas de engenheiros e de técnicos a uma freguesia para executarem medidas, estudos, medidas e visitavam todas as obras, bem como a compra de materiais necessários, poupando em dinheiro e em tempo.

    O caso das obras do abastecimento de água à nossa freguesia tem alguns contornos que não são conhecidos de todos vós. A construção da mina demorou e todo o trabalho foi feito à pá e picareta. Contaram-me que quando surgiu a água, foi uma alegria e alguns pensavam que o trabalho tinha terminado. Mas isso não foi o que o senhor António Nita pensou e ainda quis continuar os trabalhos com a ideia de aumentar ainda mais o volume de água a jorrar da nascente. Não foi fácil fazê-lo parar e avançar para a abertura da vala para conduzir a água até ao povo. A distância que vai das Eiras à Torrinha não é mais do que uns 3000 metros, mas sendo o trabalho todo feito à mão, os homens tiveram que organizar-se em equipas. A forma encontrada pelo presidente da junta foi a de ir uma equipa por cada rua e durante uma semana de trabalho.
   Foram semanas duras de muito trabalho, muita terra, pedras e lama até chegar à Torrinha. A data “1937” que hoje se pode ler numa das pedras da fonte, confirma que pelo menos a Junta de Freguesia trabalhou há volta de dois anos até a obra ficar pronta. O velado (túnel) foi com certeza a parte mais difícil de construir. A fonte, feita toda em cantaria, foi desenhada com muita simplicidade, mas satisfazia as necessidades de fornecimento de água potável a toda a freguesia. A fonte é um dos ex-libris da nossa aldeia, que nem sempre tem sido bem cuidado. Foi um lugar importante durante muitos anos, um lugar que guarda inúmeras histórias de namoro, de lutas pela água do tanque, de algumas indisposições nos dias de muito calor, etc.
(continua...)

                                                     José Nunes Martins
 





23.4.21

MALCATA: O PROBLEMA DA ÁGUA CONTINUA

Água que apetece beber todo o ano



                                           
   Há muitos anos que a água da rede pública não chega a todas as habitações da nossa freguesia. Malcata tem um problema chamado “falta de água” nas torneiras. A falta de água é mais grave para as pessoas que habitam as zonas mais altas da freguesia, mas não só, a seca também acontece nas outras áreas da aldeia, principalmente durante os meses de mais calor. Antes da chegada da água da rede pública água havia-a à farta e não havia qualquer entrave ao consumo. Com a chegada da rede de água, as pessoas acostumaram-se a moderar os gastos e a maioria deixou de ir com o cântaro buscar água à fonte. O que alguns residentes não contavam era estar tantos anos sem água da rede em casa. Valeu-lhes as economias e a abertura de um furo para captação de água. Resolveram o seu problema e por desconhecimento, contribuíram para algumas fontes ficarem sem força na veia, quase secas com a moda dos furos artesianos.

  Lembro-me dos meses de Agosto e dos problemas que a falta de água causava e continua a causar. Com a presença dos imigrantes o número de consumidores também aumenta e a rede pública é incapaz de dar resposta às necessidades. Mas como os imigrantes, embora sempre bem-vindos e bem acolhidos, não têm peso político, as Juntas de Freguesia, todas, limitaram-se a remendar a falta de água e a enviar alguns ofícios para a Câmara Municipal do Sabugal. É preciso dizer que a água ao domicílio é um direito que todo o residente da nossa freguesia tem.
                  José N. Martins

27.5.20

MALCATA: MUDOU OU ESTÁ TUDO COMO DANTES ?





   Estamos a viver uma fase de desconfinamento progressivo. Março e Abril já pertence ao nosso passado e o mês dos Santos Populares está aí à espreita, porque Maio está a viver os seus últimos dias. Na nossa freguesia, os cafés já abriram e respeitadas as regras de afastamento social, damo-nos conta que dentro e fora espaço não é problema. Haja clientes e saúde e lentamente, com cuidados redobrados, estes estabelecimentos estão a adaptar o seu negócio aos tempos que estamos a passar.
   O que mudou na fita do tempo deste ano 2020?
   Mudou alguma coisa na nossa freguesia ou continuamos na mesma?
   A História regista que a freguesia de Malcata já mudou algumas vezes e foram mudanças que marcaram a vida da nossa comunidade, tanto aqueles que cá vivem como todos os outros espalhados pelo nosso planeta. De repente recordo-me de meia dúzia de momentos históricos que marcaram e mudaram a nossa aldeia. Não vou enumerar todos os acontecimentos, mas há três que merecem ser destacados. O primeiro acontecimento inscreveu a nossa freguesia no restrito grupo de outras localidades que se orgulham de ter uma estátua dedicada ao poeta Luís de Camões. Ainda hoje vivem algumas das pessoas que aplaudiram o senhor José Corceiro e esposa enquanto cortavam a fita no dia da inauguração do Busto de Camões na nossa aldeia. A partir daí o lugar de terra e castanheiros mudou e o Largo de Camões ainda hoje é um lugar bem conhecido de todos. Um homem que abalou para a Argentina em busca de melhor vida para a sua família e nunca esqueceu o berço onde começou a sua vida. É um marco e uma homenagem à sua esposa e a todos os emigrantes malcatenhos espalhados pelo mundo. O segundo acontecimento que contribuiu para mudanças em Malcata, foi a chegada da electricidade. Arrumadas as candeias e os candeeiros as pessoas espantavam-se cada vez que ligavam o botão do interruptor e imediatamente se acendia uma lâmpada de cor amarelada. As arcas salgadeiras foram substituídas pelos frigoríficos e as televisões começaram a concorrer com os serões e o sacristão ficou mais descansado e o apagar das velas deixou de ser necessário a ajuda da cana. A electricidade foi uma das mudanças que mais fizeram mudar a nossa aldeia. E o e não menos importante factor de mudanças na nossa freguesia, foi a rede de distribuição de água ao domicílio e a rede de saneamento. Também foi uma obra que mudou e marcou a gente da terra. A água na nossa freguesia é um recurso natural que existe em abundância. A aldeia está rodeada de boas veias de água e por isso as fontes e fontinhas são muitas.
E a abundância é também carregada de frescura, transparência e do agrado de muita gente. Ainda hoje, algumas pessoas de Malcata e fora dela, saciam a sua sede bebendo água da fonte mais conhecida da aldeia, a Fonte das Bicas, mais conhecida pelo nome da Fonte da Torrinha.
   E de repente, o covid-19 apareceu. Parou tudo e o nosso país ficou em casa à espera e alerta para impedir que vírus entrasse onde não desejávamos.
   E agora?
   Mudou alguma coisa na nossa freguesia como o fizeram os nossos antepassados?
   O Luís de Camões nem se mexeu do seu pedestal, a electricidade continua a iluminar as nossas casas, a fazer funcionar os nossos frigoríficos, ferros de engomar, televisões, computadores, etc…e quanto á água, estamos tão afogados que não lhe damos o merecido e importante valor. Não deixa de ser irónico o que está a acontecer na nossa freguesia, no respeitante á água. Incompreensível o que se passa em Malcata. Tanta água e algumas casas da freguesia nunca foram servidas pela rede de distribuição. E o mesmo sucede com o escoamento das águas sanitárias, pois ainda hoje há habitações, com licença de habitabilidade aprovada, sem água e sem saneamento público.
   Preocupante é que os responsáveis autárquicos vão empurrando e passando a batata quente aos seus sucessores, continuando tudo na mesma. Uma das justificações e que escutei da boca de um responsável autárquico concelhio, proferida na nossa freguesia com a sala cheia de munícipes e toda aquela gente política, foi que as pessoas “assinaram um documento” e puderam assim, habitar sem água e sem saneamento ligado aos serviços públicos. Pois…e parece que o mesmo terá sucedido com a opção da aldeia ser abastecida com água de furo e não da albufeira.
   E que dizer dos milhões de litros ou metros cúbicos de água a correr dos tanques para não sei onde? Ou investir e promover zonas de lazer instaladas em sítios tranquilos, de paisagens fantásticas, mas vítimas de contraordenações porque estão onde o Plano de Ordenamento da Albufeira proíbe?
   Vamos continuar a arriscar e pisar o risco ou mudamos?
    Ficamos como até aqui, como dantes do covid-19, ou continuamos até às próximas eleições?

                                                                         José N. Martins

 
  
  

24.1.20

MALCATA: VAMOS CONVERSAR?



   De Malcata guardo muitas memórias de infância, boas, marcantes, como aquelas de brincar na rua coisa que hoje é uma coisa que se vê pouco na aldeia. Ia a pé para a escola. Isso não tem preço. E ter crescido junto da minha mãe e os avós a uns passos foi algo que marcou a minha vida. Tive sempre a presença da minha mãe. Não tive a mesma sorte com o meu pai. Eu nasci no ano em que ele emigrou para terras de França. Saiu da aldeia em busca de dinheiro para poder oferecer uma vida melhor à família. Se não fosse por isso, tenho a certeza que escolhia ficar na sua casinha, viver uma vida mais próxima de sua mulher e dos seus filhos.
    Malcata ainda continua a ser terra de emigrantes e de imigrantes. Porque será? Porque não mudam as coisas na freguesia, na nossa região? Há tanto território por explorar, penso até que a nossa freguesia ainda não aprendeu a aproveitar a sua riqueza natural, a sua natureza, o petróleo que muitos procuram e não encontram.
   Malcata tem nome nacional e internacional porque criaram à sua volta a Reserva Natural da Serra da Malcata. Hoje a nossa aldeia possui dezenas de quilómetros de margem com água da albufeira e tem continuado a crescer de costas para o magnífico espelho de água. Malcata tem hoje nas suas mãos e ao seu redor mais condições para ser uma atração de investimentos.  Basta pensar nas potencialidades que a albufeira da barragem e da Reserva Natural, naquilo que é hoje e o que pode ser no futuro. É tudo uma questão de visão e estratégia para contrariarmos o imobilismo, o deixar andar e quem quiser que apareça e meta as mãos na massa.
   Sempre gostei de voltar a Malcata, de regressar às minhas origens, é a forma que eu encontrei para não deixar apagar as memórias do sítio onde nasci. É verdade que eu também abalei e deixei a aldeia. Cresci e tenho vindo a somar várias experiências profissionais, conheci muitas pessoas, andei por muitos lugares, molhei os pés na água do mar e brinquei com a neve lá para Espanha. Há pessoas que sabem onde vivo com a minha família e outras que nem sabem se trabalho ou se me reformei.
   Nasci em Malcata e foi o local onde tudo começou. A minha vida tem sido dividida pela aldeia e pela área em redor da cidade do Porto, Matosinhos e às vezes, Viana do Castelo.
   O novo ano começou com o acender da esperança de mudança e no querer acreditar que estamos bem orientados para a concretização dos dois investimentos que a Junta de Freguesia tem em mãos. Refiro-me ao rebanho das “Cabras Serranas” e ao “Centro Interpretativo do Lince”. E se a vontade não esmorecer, embalados pelo querer cumprir o prometido, agendamos uma visita à Sala das Memórias e entramos com mais largueza na Rua de Baixo.
   A ver vamos e o que desejo, é que seja feita a vontade do povo, vontade assumida e alicerçada no diálogo, na informação objectiva e clareza que se exige nestas coisas de administrar a coisa pública para o bem-estar da comunidade.

                                                                                  José Nunes Martins
 



9.9.19

MALCATA: UMA ALDEIA POR DESCOBRIR


  

   A freguesia de Malcata fica situada no sopé da Serra da Malcata, no concelho do Sabugal e integra a área da Reserva Natural da Serra da Malcata.
   Tal como as outras aldeias à sua volta, a aldeia é habitada maioritariamente por pessoas de idade avançada. Mesmo ou por causa dessa realidade, há 24 anos que abriu as suas portas o Lar da freguesia, sob a responsabilidade da Associação de Solidariedade Social de Malcata. Há também em plena actividade a Associação Cultural e Desportiva de Malcata, a Associação de Caça e Pesca, a Associação Malcata Com Futuro e também a Fábrica da Igreja.
   A Escola Primária que existia acabou por encerrar, por escassez de crianças em idade escolar, tendo acontecido o mesmo à Creche.
   Em Malcata não se passa fome e cada família possui ainda a sua pequena horta ou quintal e cultiva parte dos produtos com que se alimenta. Com a debandada para terras de França, Argentina e as grandes cidades de Portugal, restam aqueles que nunca quiseram sair e os mais velhos, muitos deles regressados doutras terras por onde passaram a vida a trabalhar e a fazer pela vida.
   O que é que Malcata tem para oferecer a quem aqui vier?
   Quais os pontos ou lugares que, pelo interesse e beleza natural, devem ser dados a conhecer?
   O ar, todos sabemos que é de qualidade superior e é um ar respirável, faz bem e é sem dúvida um recurso natural que nos deixa felizes e satisfeitos. Quem não gosta de encher os pulmões com o ar que se respira por aqui?
   Alojamento local existe um em pleno funcionamento. A Casa das Camélias, ali ao fundo na Rua de Baixo, na zona mais antiga do povoado actual, tem feito e bem as honras da aldeia e desde que D.Ximenes Belo ali se hospedou, já muitos outros ali pernoitaram e descansaram.
   O silêncio e a escuridão voltaram após o fim de Agosto. Tudo voltou à normalidade e ao seu lugar. Aquele mês é um tempo sem tempo para nada e todos querem tudo. Os emigrantes tomam conta da aldeia e a alegria, a festa, a música, as motos e carros põem em alerta os avós que não tiram os olhos dos queridos netos que brincam em todo o lado.
   Este ano o mês de Agosto já passou e Setembro vai quase a meio.
   Este ano, pelas notícias dos jornais e televisão ainda continua a sentir-se e a ouvir-se muito falar de Malcata, da água e da falta dela.
   Ouviram as vozes trazidas pelos ventos?
   Que mensagem nos trouxeram?
   Ainda há gente que é amiga, que avisa e nos diz que a decisão é nossa, é tua, é minha e todos juntos alcançaremos maior número de vitórias.
                                                                                                   José Nunes Martins

14.7.19

OS DE BAIXO COM MUITA ÁGUA E OS DE CIMA EM BANHOS DE LAMA

Foi em Setembro e este ano será em Agosto?







   Desde os anos 50 que não parou a abalada de pessoas da nossa aldeia para outras terras, outros países. Por necessidades de melhorar as condições de vida familiar,  foram muitos os que foram obrigados a emigrar e longe da sua terra aprenderam a mostrar que eram pessoas trabalhadoras.  Alguns desses primeiros que abalaram já regressaram e aqui estão a viver a reforma.
   Hoje já não emigram assim tantos, mas agora quem emigra são os nossos recursos de água. Tal como aconteceu com os emigrantes, a água das nossas nascentes está a ser rentável para aqueles que vivem na Cova da Beira. Preocupa-me olhar para o nível a que se encontra a água da albufeira da barragem do Sabugal, nomeadamente na zona envolvente a Malcata. Há dias visitei a albufeira da barragem do Meimão/Meimoa. Lá não falta água em toda a extensão da albufeira. Não estava em pleno armazenamento, mas se compararmos com o estado em que se encontra a albufeira da barragem do Sabugal, sou levado a pensar que não estão a ser justos no controlo dos níveis de água nas duas albufeiras. Enquanto os malcatenhos ficam a ver os esqueletos da antiga estrada e a antiga ponte, dando quase para voltar a caminhar pelo velho alcatrão, as gentes da Cova da Beira e os utentes da Zona de Lazer do Meimão desfrutam e abusam de tanta água à disposição. Lá para baixo ficam mais ricos, mas cá os malcatenhos não podemos ficar mais pobres simplesmente pela inexistência de pressão política sobre os responsáveis dos transvases da água de Malcata para o Meimão. Alguma acção deve ser feita para que se faça justiça.
                                                                      José Nunes Martins